sábado, 1 de outubro de 2011

educação e performance

O Presente trabalho tem como objetivo principal lidar com concepções sobre educação visto como mecanismo cultural.
Para tanto, pretendo traçar algumas observações de eventos artísticos, que são motivados por um modelo descritivo, narrativo e tem como base conceitual a metáfora do tribalismo ou neo tribalismo.
É impressionante como os anos passam e as escolas continuam imitando um modelo intimidador, com corredores de passagem, geralmente de fronte a um pátio, salas de aula que permitem apenas uma entrada e, consequentemente uma saída, janelas altas, nas públicas, pouca ventilação. O desconforto é oferecido de sobra aos alunos, que se sentam em cadeiras duras e pouco anatômicas. A divisão dos espaços da escola segue uma crescente hierarquização, com salas de aula no fundo, numa ordinária ordem alfa numérica, que deixam bem visíveis a linearidade do sistema. Os espaços administrativos como coordenação, secretarias e direção, em adjacência, seguem uma tendência a se situarem em regiões próximas à entrada (ou saída) da escola.
Somado a isso, temos a assustadora imagem da escola que Michel Foucault descreve em seu livro vigiar e punir, como sendo um instrumento de vigilância que herda dos quartéis, e que guarda uma semelhança muito grande com a arquitetura dos hospitais e cadeias.
Não pretendo nessa palestra falar das comoventes concepções desse pensador francês sobre a arquitetura escolar, apenas o cito para lembrá-los que a imagem que Foucault descreve certamente influenciou a escolha desse tema, que se interessa muito mais em abordar as questões relativas a educação de uma forma que ultrapassasse as quatro paredes da sala de aula e sim de uma educação que ocorre de maneira mais randômica e rizomática, alem dos estabelecimentos de ensino. Uma educação que ocorre em espaços onde se desenvolvem atividades culturais e na proximidade dos amigos ou grupos de interesse comum “com uma característica marcante de aparente naturalidade do processo, ocultando valores, signos e até preconceitos.”[1]  


Assim falarei de analises que são um tanto quanto marginais em relação as correntes sociológicas estudadas no país, pois busco muito mais um paradigma holonômico ou holista, pois visto que se refere a estruturação e ao funcionamento das totalidades e que vertentes e motivações diversas e  representa ao mesmo tempo que critica a epistemologia dos reducionismos positivistas e historicistas.
E isso surge não como um novo paradigma, mas como uma possibilidade que se centra em três pontos básico: a interdisciplinaridade, a função simbólica e, usando uma metáfora medica, a sutura entre aquilo que representa a natureza e aquilo que representa a cultura através de um movimento interativo e sincrônico que conjuga elementos pertencentes ao universo simbólico e a natureza promovendo uma reunificação re-união biológica, antropológica psicológica e sociológica que outrora haviam sido separadas pela lógica disjuntiva do paradigma clássico.
Assim proponho que a educação seja não um processo metódico de ensino e aprendizagem, sem obviamente excluí-lo, mas que levemos em consideração uma abordagem mais compreensiva que supere categorias usuais de analise educacional, tais como professor, aluno, sujeito, individuo... e que  articulemos um processo de ensino e aprendizagem mais parecido como uma trama de mil fios entrecruzados, admitindo também uma parte de poesia, uma parte de cotidiano, uma parte de afeto, uma parte de simbólico e uma parte de senso comum, e assim deixar que o devir, que a energia física de algo que é sem ser ainda surja de maneira a deixar escapar os momentos de criatividade que não é apenas a criação ou o ato de criar, mas é o ato de curativo necessário à nossa sociedade, que pelo modelo produtivista acabou deixando a margem, tanto os processos criativos, quanto o criador, ou seja aquele que pensa na solução simbólica dos problemas.
Admito que aquela idéia de um individuo racional característico de uma sociedade produtivista, de estrutura mecânica  e organização baseada no modelo burocrático, político e econômico, ambiente no qual consequentemente os indivíduos permanecem dentro e de onde passam a desempenhar apenas funções, e que são geridos por uma organização contratual está cedendo lugar para uma sociedade de estrutura societal e afetiva baseada na solidariedade orgânica, onde as pessoas passam a desempenhar  papeis flexíveis , e não funções rígidas.
Onde as pessoas se organizam em  comunidades de interesse comum.
Onde as pessoas (personas) são convidadas, como no teatro, a desempenhar papéis que são flexíveis, instáveis e dinâmicos.

Existe uma tendência de observar os fatos de maneira modular,  folclore versus cultura, popular e mitológico versus racional e filosófico, ou seja, um pensamento que opera por disjunção e outro pensamento lida com a conjunção   e apreensão global e é justamente neste lado da sombra, pela conjunção encarnação e pela polissemia, que busco erguer as discussões procurando interpretar pequenos gestos, ruídos, ações, banalidades que podem ser articuladores de mecanismos educacionais.


Essa analise aponta dados sutis e internos que merecem serem observados

1 a negociação é fundamental para o processo
2 a decisão é coletiva e consensual
3 o fato de uma escolha ter sido feita não garante o sucesso da idéia inicial, pois
4 estamos lidando com labilidade variável e flutuante de acordo com “ocasiões”
5 movimentos no espaço são importantes termômetros de analise
6 gestos olhares, piscadelas, apontar de dedos e ações são relevantes  e dão indicações razoavelmente precisas e passiveis de interpretações.
7 sussurros, comunicações coletivas ou individuais ou realizadas em sub grupos não devem ser desprezadas;
8 os grupos delimitam espaços internos e esses possuem autonomia orgânica.
9 é necessário observar os graus de poxemia.
10 observa-se também gestos repressores, aprovativos, hierarquias internas como termômetros das relações e das ações que se desenvolveram;
11existe ou não locais de privilegio e ou liderança no grupo e quais os seus interesses.


[1] Dicionário de educação.




















































































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